13 de jun. de 2012

A Essência do Encontro



Tudo o que todos querem é amar,
Encontrar alguém que faça bater forte o

coração e justifique loucuras.

 

Que nos faça entrar em transe, cair de quatro,

babar na gravata.

Que nos faça revirar os olhos, rir à toa,
cantarolar dentro de um ônibus lotado.

 

Depois que acaba esta paixão retumbante

Sobra o quê? O amor. Mas não o amor

mistificado, que muitos julgam ter o poder
de fazer levitar.

 

O que sobra é o amor que todos conhecemos,

o sentimento que temos por mãe, pai, irmão,

filho. É tudo o mesmo amor, só que entre

amantes existe sexo.

 

Não existem vários tipos de amor, assim como
não existem três tipos de saudade, quatro de

ódio, seis espécies de inveja.

 

O amor é único, como qualquer sentimento: seja

ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus

a diferença é que, como entre marido e mulher

não há laços de sangue, a sedução tem que ser

ininterrupta.

 

Por não haver nenhuma garantia de

durabilidade, qualquer alteração no tom de voz

nos fragiliza, e de cobrança em cobrança

acabamos por sepultar uma relação que poderia

ser eterna.

 

Casaram. Te amo pra lá, te amo pra cá. Lindo,

mas insustentável. O sucesso de um casamento

exige mais que declarações românticas.

 

Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo

teto, tem que haver muito mais que amor, e às
vezes nem necessita de um amor tão intenso.

 

É preciso que haja, antes de mais nada, respeito.

Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos

alheios. Alguma paciência.

 

Amor, só, não basta.

 

Não pode haver competição. Nem comparações.

Tem que ter jogo de cintura para acatar regras

que não foram previamente combinadas.

 

Tem que haver bom humor para enfrentar

imprevistos, acessos de carência, infantilidades.

Tem que saber levar.

 

Amar, só, é pouco.

Tem que haver inteligência.

 

Um cérebro programado para enfrentar

tensões pré-menstruais, rejeições, demissões
inesperadas, contas pra pagar.

 

Tem que ter disciplina para educar filhos, dar

exemplo, não gritar. Tem que ter bom psiquiatra.

 

Não adianta, apenas, amar.

 

Entre casais que se unem visando à longevidade

do matrimônio tem que haver um pouco de

silêncio, amigos de infância, vida própria, um

tempo pra cada um.

 

Tem que haver confiança,

uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu,

fazer de conta que não escutou. É preciso entender

que união não significa, necessariamente, fusão.

E que amar, 'solamente', não basta.

 

Entre homens e mulheres que acham que o amor

é só poesia, tem que haver discernimento, pé no

chão, racionalidade. Tem que saber que o amor

pode ser bom, pode durar para sempre, mas que

sozinho não dá conta do recado. O amor é grande,

mas não é dois.

 

É preciso convocar uma turma de sentimentos

para amparar esse amor que carrega o ônus da

onipotência. O amor até pode bastar, mas ele
próprio não se basta.

 

Um bom Amor aos que já têm!

Um bom encontro aos que procuram!

E felicidade a todos nós!

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